Comissão da
Verdade é instalada com apoio dos ex-presidentes
"A
verdade envolve tudo. A verdade deve ser buscada a qualquer preço",
resumiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quando questionado
se as investigações só valeriam para agentes de Estado. Os sete
integrantes da Comissão da Verdade tomam posse nesta quarta e a maioria
tem perfil de esquerda. "Vocês queriam que a presidente tivesse
escolhido quem? O Bolsonaro?" , perguntou um auxiliar de Dilma, numa
referência ao deputado Bolsonaro (PP-RJ), militar da reserva considerado
pelo Planalto como "radical de direita".
Ex-militante de
organizações de extrema esquerda, Dilma não pretende interferir nos
trabalhos da Comissão da Verdade nem enquadrar seus integrantes, que
chegaram a emitir opiniões diferentes sobre a abrangência das
investigações.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o
ex-secretário de Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro - um dos
notáveis escolhidos por Dilma para compor a Comissão - disse que "o
único lado (a ser investigado) é o das vítimas", que sofreram violações
de direitos humanos. "Nenhuma Comissão da Verdade teve ou tem essa
bobagem de dois lados", insistiu ele. Antes, o advogado José Carlos
Dias, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso,
batera na tecla da apuração ampla, geral e irrestrita "doa a quem doer".
Uma sala foi preparada no Centro Cultural do Banco do Brasil
(CCBB), em Brasília, para abrigar a Comissão da Verdade. O assunto mais
espinhoso a ser tratado diz respeito aos corpos dos desaparecidos
políticos. No governo há o entendimento de que é preciso saber onde eles
foram jogados ou enterrados, para que as famílias saibam o que
realmente aconteceu.
Embora militares temam que a Comissão seja o primeiro passo para a revisão da Lei de Anistia, o governo garante que o receio é infundado. "A Lei de Anistia
está em vigor e foi ratificada pelo Supremo Tribunal Federal. Não há o
que discutir sobre isso", observou um interlocutor de Dilma. Os
ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva,
Fernando Collor e José Sarney confirmaram presença na solenidade desta
quarta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Extraído de:
Associação do Ministério Público de Minas Gerais
- 20 horas atrás.
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