Brasília - Conforme já adiantara o seu advogado
Márcio Thomaz Bastos, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, compareceu à CPI mista na tarde desta terça-feira e recorrer
ao direito de ficar calado para não produzir provas contra si mesmo.
Orientado por seus advogados, Cachoeira informou que não falará nada,
antes de depor perante a Justiça. "Estou aqui como manda a lei, para
responder. Constitucionalmente, fui advertido pelos advogados para não
falar nada. Somente depois da audiência que teremos no juiz, se por
ventura [a CPI] achar que eu deva contribuir, podem me chamar que eu
responderei a qualquer pergunta", disse.
A despeito da recusa, o relator Odair Cunha (PT-MG) leu perguntas
relacionadas à atividade de Cachoeira. Carlos Augusto Ramos sentou-se em
uma mesa lateral, ao lado de seu advogado, Márcio Thomaz Bastos e de
sua mulher, Andressa. Mais magro, grisalho e abatido, foi o primeiro a
se pronunciar, e para tal teria um prazo de até 20 minutos. Ele se negou
a falar qualquer coisa.
O contraventor não ficará algemado durante a sessão, que somente dos
senadores tem previstas 150 perguntas. Os senadores querem saber, por
exemplo, quem são as pessoas das empresas cooptadas para os negócios de
Cachoeira. No Senado, a sala e o corredor onde serão realizados o
depoimento estão com acesso controlado pela Polícia Legislativa. Apenas
servidores identificados e jornalistas com credenciais especiais serão
liberados para acompanhar o depoimento, para não superlotar a sala.
Integrantes da base aliada e da oposição pretendem aproveitar ao
máximo o tempo disponível para fazer perguntas a Cachoeira, com o
objetivo de expor suas relações com agentes públicos e com o setor
privado. Os aliados devem centrar seus questionamentos na relação do
contraventor com o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, o
senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e a relação com a empreiteira
Delta na região Centro-Oeste, por meio do ex-diretor Cláudio Abreu.
A oposição, por sua vez, quer nacionalizar o depoimento, para tirar o
foco de Perillo e Demóstenes. Por isso, tentará explorar a relação de
Cachoeira com o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish e com os
governos de Brasília, do petista Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, do
peemedebista Sérgio Cabral. Não esperamos muito do depoimento, admitiu
há pouco o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), para quem o
contraventor não produzirá prova contra si.
Por essa razão, as perguntas dos parlamentares a Cachoeira serão mais
retóricas do que efetivamente para serem respondidas. Não esperam,
assim como foi o depoimento dele à CPI dos Bingos, revelações como
acertos financeiros de autoridades públicas.
Sessão
Os primeiros deputados a fazer perguntas foram Carlos Sampaio (SP) e
Fernando Francischini (PR), do PSDB. Ambos questionam a relação de
Cachoeira com Dadá (interceptado em gravações telefônicas feitas pela
PF) e sobre contratos firmados com o governo do DF por meio da Delta
Construções. O senhor aceitaria a proposta de delação premiada () para
ajudar a passar a vassoura nesse Congresso Nacional e nos Estados?,
perguntou Francischini.
Parlamentares se queixaram das respostas de Cachoeira e pediram
respeito do contraventor durante a sessão. O relator da CPI perguntou se
em uma sessão secreta ele se disporia a falar. Cachoeira insistiu que
só falará após audiência, conforme orientação de seus advogados. Diante
do posicionamento do contraventor, o relator abriu mão da palavra.
Agora, os parlamentares terão direito a fazer perguntas.
O relator da CPI, Odair Cunha perguntou: O senhor se definiria como
no seu ramo de atividade? Cachoeira se negou a responder: Ficarei
calado, como manda a Constituição. Tenho muito a dizer depois da minha audiência. Pode me convocar, emendou.
Com informações da Agência Senado
Extraído de:
ABC Politiko - Linha Direta com o Poder
- 18 horas atrás.
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