quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cachoeira diz que só falará à CPI após depor na Justiça

Brasília - Conforme já adiantara o seu advogado Márcio Thomaz Bastos, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, compareceu à CPI mista na tarde desta terça-feira e recorrer ao direito de ficar calado para não produzir provas contra si mesmo.
Orientado por seus advogados, Cachoeira informou que não falará nada, antes de depor perante a Justiça. "Estou aqui como manda a lei, para responder. Constitucionalmente, fui advertido pelos advogados para não falar nada. Somente depois da audiência que teremos no juiz, se por ventura [a CPI] achar que eu deva contribuir, podem me chamar que eu responderei a qualquer pergunta", disse.
A despeito da recusa, o relator Odair Cunha (PT-MG) leu perguntas relacionadas à atividade de Cachoeira. Carlos Augusto Ramos sentou-se em uma mesa lateral, ao lado de seu advogado, Márcio Thomaz Bastos e de sua mulher, Andressa. Mais magro, grisalho e abatido, foi o primeiro a se pronunciar, e para tal teria um prazo de até 20 minutos. Ele se negou a falar qualquer coisa.
O contraventor não ficará algemado durante a sessão, que somente dos senadores tem previstas 150 perguntas. Os senadores querem saber, por exemplo, quem são as pessoas das empresas cooptadas para os negócios de Cachoeira. No Senado, a sala e o corredor onde serão realizados o depoimento estão com acesso controlado pela Polícia Legislativa. Apenas servidores identificados e jornalistas com credenciais especiais serão liberados para acompanhar o depoimento, para não superlotar a sala.
Integrantes da base aliada e da oposição pretendem aproveitar ao máximo o tempo disponível para fazer perguntas a Cachoeira, com o objetivo de expor suas relações com agentes públicos e com o setor privado. Os aliados devem centrar seus questionamentos na relação do contraventor com o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e a relação com a empreiteira Delta na região Centro-Oeste, por meio do ex-diretor Cláudio Abreu.
A oposição, por sua vez, quer nacionalizar o depoimento, para tirar o foco de Perillo e Demóstenes. Por isso, tentará explorar a relação de Cachoeira com o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish e com os governos de Brasília, do petista Agnelo Queiroz, e do Rio de Janeiro, do peemedebista Sérgio Cabral. Não esperamos muito do depoimento, admitiu há pouco o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), para quem o contraventor não produzirá prova contra si.
Por essa razão, as perguntas dos parlamentares a Cachoeira serão mais retóricas do que efetivamente para serem respondidas. Não esperam, assim como foi o depoimento dele à CPI dos Bingos, revelações como acertos financeiros de autoridades públicas.
Sessão
Os primeiros deputados a fazer perguntas foram Carlos Sampaio (SP) e Fernando Francischini (PR), do PSDB. Ambos questionam a relação de Cachoeira com Dadá (interceptado em gravações telefônicas feitas pela PF) e sobre contratos firmados com o governo do DF por meio da Delta Construções. O senhor aceitaria a proposta de delação premiada () para ajudar a passar a vassoura nesse Congresso Nacional e nos Estados?, perguntou Francischini.
Parlamentares se queixaram das respostas de Cachoeira e pediram respeito do contraventor durante a sessão. O relator da CPI perguntou se em uma sessão secreta ele se disporia a falar. Cachoeira insistiu que só falará após audiência, conforme orientação de seus advogados. Diante do posicionamento do contraventor, o relator abriu mão da palavra. Agora, os parlamentares terão direito a fazer perguntas.
O relator da CPI, Odair Cunha perguntou: O senhor se definiria como no seu ramo de atividade? Cachoeira se negou a responder: Ficarei calado, como manda a Constituição. Tenho muito a dizer depois da minha audiência. Pode me convocar, emendou.
Com informações da Agência Senado  
Extraído de: ABC Politiko - Linha Direta com o Poder  - 18 horas atrás.

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